domingo, 20 de março de 2011

Revoluções Liberais

Entre aproximadamente 1770 e 1850 na Europa e nas Americas foram muitos os movimentos politícos-socias influênciados pelos ideais libertarios das luzes que constituem as chamadas revoluções liberais e estão na genese da época contemporânea a sua próximidade no tempo e âmbito geográfico fizeram o historiador Jacques Godeshot considerar estarmos na presença de uma revolução atlântica.
Existiram 3 revoluções:
  • Revolução Americana.

Esta revolução surgiu após a guerra dos 7 anos, em que a Inglaterra saiu vitoriosa , obtendo assim supremacia absoluta em relação às outras potências Europeias. Esta queria alargar o seu poder para estas colónias , e mandar nas mesmas .
Os colonos do Norte e Sul da América, tinham muitos factores em comum,mas também diferenças.
Partilhavam da mesma língua  (inglês), a mesma religião (protestante),partilhavam dos mesmos inimigos(Franceses e Índios) e queria a submissão à coroa britânica.
Mas,enquanto que a Norte era mais tolerante e se dedicavam ao sector primário, no Sul , exploravão os escrevos.
A Revolução America teve como principais motivos a ECONOMIA,POLÍTIASOCIAL.


a Inglaterra apossou-se de grande parte do Império Colonial Francês, especialmente terras a oeste das treze colónias americanas. O Parlamento inglês decidiu que os colonos deviam pagar parte dos custos da guerra. O objectivo era aumentar as taxas e os direitos da Coroa na América. 
A possibilidade de aumentarem o seu território agradou aos colonos, que prontamente se prepararam para explorar e aproveitar novas terras, mas, para sua grande surpresa, o governo de Londres, por recear o desencadear de guerras com as nações índias, determinou que nenhuma nova exploração ou colonização de territórios pudesse ser feita sem a assinatura de tratados com os índios.
  Foi esta a primeira fonte de conflito entre os colonos e a Coroa inglesa. Mas, pouco depois, outros se lhe juntavam, como a obrigação de albergar e sustentar tropas inglesas em solo americano: George Greenville, primeiro-ministro inglês, decidiu colocar na colônia uma força militar de 10000 homens, acarretando uma despesa de 350000 libras. Esta prática  pesava gravosamente sobre as finanças coloniais.
 A política repressiva dos ingleses, aliada a factores culturais, como a influência do iluminismo, teve papel importante no processo revolucionário americano. Outra fonte de conflito foi  o lançamento de impostos pesados sobre importações vitais para a economia e a subsistência das colónias (açúcar, café, têxteis, etc.), a que se acrescentou o imposto de selo sobre jornais, documentos legais e outros.
  • A Lei do Açucar tinha como objectivo arranjar dinheiro para pagar a dívida nacional inglesa e prejudicava os americanos, pois taxava produtos que não viessem das Antilhas Britânicas e acrescentava vários produtos à lista dos artigos enumerados, que só poderiam ser ex­portados para a Inglaterra.

  •   A Lei do Selo provocou grandes atritos entre os colonos e Inglaterra, pois exigia a selagem até de baralhos e dados. Os colonos protestaram, argumentando que se tratava de imposto interno, e não externo como de costume.      


         Os colonos, principlamente os mais ricos e cultos, sentiam-se cada vez mais ressentidos com uma Inglaterra que retirava mais lucros  das colónias do que do continente. Queixavam-se também de que não tinham representação no Parlamento que havia votado a lei. Reuniu-se então em Nova York, em 1765, o Congresso da Lei do Selo, que, declarando-se fiel à Coroa, decidiu boicotar o comércio inglês. Os comerciantes ingleses pressionaram o Parlamento e a Lei do Selo foi revogada.

             As reacções dos colonos foram, de início, exaltadas mas pacíficas: exigiram o direito de eleger representantes para o Parlamento de Londres (para poderem discutir e votar as leis que lhes diziam respeito), passando depois a actos de boicote às mercadorias inglesas. Esta guerra económica desencadearia motins e forçou o governo inglês a alguns recuos, que contudo não satisfizeram os colonos.

A crise explodiu em 1773 com a Lei do Chá , que dava o monopólio desse comércio à Companhia das Índias Orientais, onde vários políticos ingleses tinham interesses. A Companhia transportaria o chá diretamente das Índias para a América. Os intermediários tiveram grande prejuízo e ficou aberto um precedente perigoso: quem garantia que o mesmo não seria feito com outros produtos? A reacção não demorou. No porto de Boston, comerciantes disfarçados de índios mohawks destruíram trezentas caixas de chá tira­das dos barcos, no episódio conhecido como A Festa do Chá de Boston (The Boston Tea Party).






 O conflito agravou-se com a presença de tropas enviadas para conter os protestos. Como resposta, em 1774 os representantes das colónias reuniram-se em Filadélfia, num primeiro Congresso Continental que, a partir daí, embora com divergências no seu seio, foi a voz política dos colonos. O extremar das posições levou à criação de milícias, à constituição de depósitos de munições e a um aumento contínuo de tensão que iria degenerar em guerra.



 


       O processo de Independência tem importante antecedente em Setembro de 1774, quando as Leis Intoleráveis determinaram a convocação do Primeiro Congresso Continental de Filadélfia, de caráter não-separatista. Em 1775, um conflito em Lexington provocou a morte de alguns colonos e eles passaram a organizar-se militarmente.
 O rei declarou os americanos em rebeldia e os colonos passaram à revolta aberta. Em 1776, a Virgínia tomou a iniciativa e declarou-se independente, com uma explícita Declaração dos Direitos do Homem.
O Segundo Congresso de Filadélfia, reunido desde 1775, já manifestava caráter separatista. George Washingtonton, da Virgínia, foi nomeado comandante das tropas americanas e encarregou uma comissão, liderada por Thomas Jefferson, de redigir a Declaração da Independência. Em 4 de Julho de 1776, reunidos em Filadélfia, delegados de todos os territórios promulgaram o documento, com mudanças introduzidas por Benjamin Franklin e Samuel Adams.







      Pela primeira vez na História da expansão europeia, uma colónia tornava-se independente por meio de um acto revolucionário. E fazia-o não só proclamando ao mundo, no documento histórico aprovado em 4 de Julho, o direito à independência e à livre escolha de cada povo e de cada pessoa ("o direito à vida, à liberdade e à procura da felicidade" é definido como inalienável e de origem divina), mas ainda construindo uma federação de estados dotados de uma grande autonomia e aprovando uma constituição política.
A Guerra da Independência começa em Março de 1775-os americanos tomam Boston. Tinham força de vontade, mas interesses divergentes e falta de organização. Das colónias do Sul, só a Virgínia agia com decisão. O Canadá permaneceu fiel à Inglaterra.  Os oficiais, geralmente estrangeiros, não estavam envolvidos no conflito.
 A guerra iria ainda prolongar-se até à derrota final das tropas inglesas em 1781 e a independência do novo país (constituído pelas treze colónias da costa atlântica) só viria a ser reconhecida pelo tratado de Paris de 1783.

 O Tratado de Versalhes, em 1783, reconheceu a independência dos Estados Unidos da América, com fronteiras nos Grandes Lagos e no Mississipi. A França recuperou Santa Lúcia e Tobago nas Antilhas e seus estabelecimentos no Senegal. A Espanha recebeu a ilha de Minorca e a região da Flórida.

Em 1787, os Estados Unidos proclamaram sua primeira Constituição. Resumia a tendência republicana defendida por Jefferson, que queria grande autonomia política para os Estados membros da federação, e a tendência federalista, que lutava por um poder central forte.

O presidente seria eleito pelo período de quatro anos por representantes das Assembléias dos cidadãos. Duas casas comporiam o Congresso: a Câmara dos Representantes, com delegados de cada Estado na proporção de suas populações; e o Senado, com dois representantes por Estado.

 O Congresso votaria leis e orçamentos. O Senado velaria pela política exterior principalmente. Uma Corte Suprema composta por nove juízes indicados pelo presidente resolveria os conflitos entre Estados e entre estes e a União. Nas suas linhas mestras, tais princípios constitucionais permanecem até hoje.
Esta Constituição  era a primeira da História mundial onde se consignavam os direitos individuais dos cidadãos, se definiam os limites dos poderes dos diversos estados e do governo federal, e se estabelecia um sistema de equilíbrio entre os poderes legislativo, judicial e executivo de modo a impedir a supremacia de qualquer deles, além de outras disposições inovadoras.


  • Revolução Francesa.




Como a Revolução Francesa não teve apenas por objetivo mudar um governo antigo, mas abolir a forma antiga da sociedade, ela teve de ver-se a braços a um só tempo com todos os poderes estabelecidos, arruinar todas as influências reconhecidas, apagar as tradições, renovar costumes e os usos e, de alguma maneira, esvaziar o espírito humano de todas as idéias sobre as quais se tinham fundado até então o respeito e a obediência.
    As instituições feudais do Antigo Regime iam sendo superadas à medida que a burguesia, a partir do século XVIII, consolidava cada vez mais seu poder econômico.
    A sociedade francesa exigia que o país se modernizasse, mas o entrave do absolutismo apagava essa expectativa.
    O descontentamento era geral, todos achavam que essa situação não podia continuar. Entretanto, um movimento iniciado há alguns anos, por um grupo de intelectuais franceses, parecia ter a resposta. Esse movimento criticava e questionava o regime absolutista. Eram os iluministas, que achavam que a única maneira possível de a França se adiantar em relação à Inglaterra era passar o poder político para as mãos da nova classe, isto é, a burguesia (comerciantes, industriais, banqueiros). Era preciso destituir a nobreza que, representada pelo Rei , se mantinha no poder.
    A monarquia absoluta que, antes, tantos benefícios havia trazido para o desenvolvimento do comércio e da burguesia francesa, agora era um empecilho. As leis mercantilistas impediam que se vendessem mercadorias livremente. Os grêmios de ofício impediam que se desenvolvessem processos mais rápidos de fabricação de mercadorias. Enfim, a monarquia absoluta era um obstáculo, impedindo a modernização da França. Esse obstáculo precisava ser removido. E o foi pela revolução



 A situação econômica da França era crítica. A maioria da renda vinha da agricultura, onde as técnicas eram atrasadas em relação ao consumo do país. Dos 26 milhões de habitantes, 20 milhões viviam no campo em condições de vida extremamente precárias. Uma parte dos camponeses estava ainda sob o regime de servidão.
    Um comerciante, para transportar suas mercadorias de um lado para outro do país, teria que passar pelas barreiras alfandegárias das propriedades feudais, pagando altíssimos impostos, o que impedia os comerciantes de venderem livremente suas mercadorias.
    Para piorar a situação, parece que ate a natureza ajudou a revolução: entre os anos de 1784 a 1785 houve inundações e secas alienadamente, fazendo com que os preços dos produtos ora subissem, não dando condições para que os pobres comprassem, ora descessem, levando alguns pequenos proprietários à falência.
    A situação da industria francesa não era melhor, pois parte dela ainda estava sob o sistema rural e domestico, e as corporações (grêmios) impediam o desenvolvimento de novas técnicas. Como se não bastasse, o governo francês assinou o seguinte tratado com o governo inglês: os franceses venderiam vinhos para os ingleses, e estes venderiam panos para os franceses, sem pagar impostos, o que levou as manufaturas francesas a não suportarem a concorrência dos tecidos ingleses, entrando numa grave crise. 


   A sociedade francesa, na época, estava dividida em três partes, conhecidas como Estados: 
• Primeiro Estado - era o clero francês e estava dividido em alto e baixo. O alto clero era composto por elementos vindos das ricas famílias da nobreza, possuindo toda a sorte de privilégios, inclusive o de não pagar impostos. O baixo clero era o pobre, estando ligado ao povo em geral e não à nobreza, como o primeiro.
• Segundo Estado - era a nobreza em geral. Os privilégios eram incontáveis, sendo que o mais importante era a isenção de impostos. Ha que se salientar aqui que a nobreza também estava dividida: a nobreza cortesã, que vivia no palácio, e outros setores da nobreza, que viviam na corte, recebendo pensões do Rei, onerando os seus castelos, no campo, as custas do trabalho de seus servos. À medida que a crise aumentava, essa nobreza que viviam no campo aumentava a pressão sobre seus servo, favorecendo o clima de insatisfação.
• Terceiro Estado - era constituído de todos aqueles que não pertenciam nem ao Primeiro nem ao Segundo Estado. Afinal, o que era o Terceiro Estado?
    Era o setor da sociedade francesa composto pela maioria esmagadora da população, sobre cujos ombros recaia todo o peso de sustentação do reino francês. Esse setor era composto, na sua maioria, pelos camponeses que, com um árduo trabalho, forneciam os alimentos para toda a França, além de terem de pagar pesadíssimos impostos.
    Finalmente, os membros mais destacados do Terceiro Estado, quanto a liderança: a burguesia. Esta se dividia em pequenos burgueses (pequenos comerciantes, artesãos), uma camada média (composta de lojistas, profissionais liberais) e a alta burguesia (grandes banqueiros, comércio exterior). 
    O Terceiro Estado será aquele que, pelo peso das responsabilidades, se levantará contra a opressão do Estado Absolutista. Os camponeses terão papel importante, os pobres das cidades também, mas a liderança e os frutos dessa revolução caberão a uma fração do Terceiro Estado: a burguesia.
    A política na França pré-revolucionária mostrava os sinais da decadência acumulada dos outros Reis absolutos, principalmente um déficit crônico no reinado Luís XVI, que subiu ao trono em 1774.
    As críticas ao regime aumentavam dia-a-dia. Os intelectuais, baseando-se nas teoria dos iluministas, não poupavam seus escritos para criticar desesperadamente o regime. 

  O Rei, diante dessa situação, tenta alguns expediantes para resolver a questão. Convidou um iluminista de nome Neckerque começou a trabalhar imediatamente, pois queria ver sanado o mal do país. Necker, um homem de confiança do Rei, que pensa numa solução para a crise, era preciso que todos pagassem impostos na França.
    Necker faz seu primeiro ato: manda publicar as contas do Estado, onde fica claro o enorme Déficit de 126 milhões de libras Em seguida, com a anuência do Rei e da nobreza, convoca os Estados Gerais, única solução encontrada para discutir uma saída.
    Os Estados Gerais, uma assembléia de todos os Estados que desde 1614 não eram convocados, deveriam discutir mais ou menos abertamente uma solução para a crise financeira e achar uma saída para que todos pagassem impostos iguais. Todavia, o Terceiro Estado não pensava só nisso, mas também em aproveitar a oportunidade e fazer exigências de caráter político.
    A notícia da convocação dos Estados Gerais caiu como uma bomba sobre a França. Da noite para o dia todo o país foi invadido por milhares de jornais, panfletos e cartazes. Os bares e os cafés tornaram-se centro de agitação, como o famoso Café Procope. A nobreza e o Rei viam isso tudo apavorados:
    "Já se propõe a supressão dos direitos feudais... Vossa Majestade estaria acaso determinado a sacrificar e humilhar sua brava e antiga ... nobreza ?"; Este era um desesperado apelo da nobreza ao Rei.
    Como reagia o Terceiro Estado? Organizava-se ainda mais e queria as transformações imediatamente. Os Estados Gerais começaram sua reunião de abertura no dia 5 de maio de 1789, sendo que dai em diante foi impossível deter a revolução.
  O Rei abre a sessão dos Estados Gerais fazendo um discurso de advertência contra as pretensões políticas: "Estamos aqui para tratar de problemas financeiros e não para tratar de política".
    O Terceiro Estado reagiu prontamente, exigindo a qualquer custo que as reuniões fossem conjuntas e não separadamente por Estados. Diante da negação, o Terceiro Estado proclama-se em Assembléia Geral Nacional. O Rei, desesperado diante do atrevimento dos representantes populares, manda fechar a saia de reuniões. Mas o Terceiro Estado não se da por vencido e seus deputados se dirigem para um salão que a nobreza utilizava para jogos. Lá mesmo fizeram uma reunião, onde ficou estabelecido que permaneceriam reunidos até que a França tivesse uma Constituição. Esse ato ficou conhecido com o nome de O Juramento do Jogo de Pela.
    No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembléia Nacional Constituinte, incumbida de elaborar uma Constituição para a França. Isso significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto do reino.
    A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de julho de 1789, toda a população parisiense avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a prisão política da época, onde o responsável pela prisão foi preso e enforcado.
    O momento agora e dos camponeses, que percebem a fraqueza da nobreza e invadem os castelos, executando famílias inteiras de nobres numa espécie de vingança, de uma raiva acumulada durante séculos. Avançam sobre a propriedade feudal e exigem reformas. A burguesia, na Assembléia, temerosa de que as exigências chegassem também às suas propriedades, propõe que se extingam os direitos feudais como única saída para conter o furor revolucionário dos camponeses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se aquilo que por muitos séculos significou a opressão sobre os camponeses.

  
O processo revolucionário 1ª fase - Assembléia Nacional Constituinte
   
    A situação estava muito confusa. A Assembléia não conseguia manter a disciplina e controlar o caos econômico. O Rei entra em contato com os emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar para invadir a França, derrubar o governo revolucionário e restaurar o absolutismo.
    Para organizar a contra-revolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas no caminho e reconhecido por camponeses, é preso e enviado à Paris. Na capital, os setores mais moderados da Assembléia conseguiram que o Rei permanecesse em seu posto.
    A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria votada e aprovada a Constituição de 1791. Esta constituição estabelecia, na França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo (Parlamento).
    Neste poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso equivalia dizer que o poder continuava nas mãos de uma minoria, de uma parte privilegiada da burguesia. Resumindo, o que temos é uma Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia e pela aristocracia liberal, liderada, por exemplo, pelo famoso La Fayette, é o total afastamento do povo francês.
    Os setores populares estavam descontentes, porque continuavam ainda sob o despotismo, não o da monarquia absoluta mas o despotismo dos homens do dinheiro, setores tradicionais da nobreza e do clero conspiravam, com a anuência do Rei, para tentar restaurar o antigo regime. 
    Os grupos políticos organizavam-se para definir suas posições:
    No recinto da Assembléia, sentava-se à esquerda o partido liderado por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas partes mais altas da Assembléia); ao lado, um pequeno grupo ligado aos Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes como Marat, Danton, Hebert e outros; no centro, sentavam-se os constitucionalistas, defensores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava um grupo que mais tarde ficará conhecido como Girondinos, defensores dos interesses da burguesia francesa e que temiam a radicalização da revolução; na extrema direita, encontram-se alguns remanecentes da aristocracia que ainda não emigrara, conhecidos pelo nome de negros ou aristocratas, que pretendiam a restauração do poder absoluto.
    Quanto a situação externa, o clima era de total apreensão. As monarquias absolutas vizinhas olhavam para o que estava acontecendo na França com grande temor. Tanto é verdade, que alguns elementos emigrados da nobreza francesa pretendiam que países como a Áustria e a Prússia iniciassem imediatamente uma guerra contra a França. A Assembléia Legislativa, sabedor dessa situação, raciocinava da seguinte forma: ou expandimos o ideal revolucionário para esses países ou, então, a França Revolucionaria ver-se-á isolada e condenada ao fracasso. Daí a Assembléia também pensar na guerra.
2ª fase - Assembléia Legislativa
    A Assembléia Legislativa francesa exigiu da Áustria e da Prússia um compromisso de não invasão e, como não foi atendida pelas monarquias absolutas, declarou guerra a 20 de abril de 1792.
    Luís XVI exultava, pois esperava que os exércitos franceses fossem derrotados para que ele pudesse voltar ao poder como Rei absoluto; dessa forma, o Rei e a Rainha, a famosa Maria Antonieta, entram em contato com os inimigos, passando-lhes segredos de guerra.
    A atuação dos exércitos franceses foi um fracasso no campo de batalha.
    Na Assembléia, Robespierre denuncia a traição do Rei e dos generais ligados a ele, que também estavam interessados na derrota da França Revolucionaria. Num discurso aos jacobinos, Robespierre dizia:
"Não! Eu não me fio nos generais e, fazendo exceções honrosas, digo que quase todos têm saudades da velha ordem, dos favores de que dispõe a Corte. Só confio no povo, unicamente o povo."
    Nas ruas de Paris e das grandes cidades, os sans culottes (maneira como os pobres das cidades se identificavam) se agitavam pedindo a prisão dos responsáveis pelas derrotas da França diante dos exércitos austríacos e prussianos. 
3ª fase - A Convenção Nacional
    A 2 de setembro, pela manha, chegou a Paris a notícia de que Verdun estava sitiada; Verdun, a última fortaleza entre Paris e a fronteira. Imediatamente, foi lançada uma proclamação aos cidadãos: "À s armas cidadãos, às armas! O inimigo está às portas !" Vários prisioneiros, suspeitos de ligação com o antigo regime, foram massacrados pela população.
    No dia 20 de setembro de 1792, chegou a Paris a notícia da esmagadora vitória dos exércitos franceses sobre os exércitos prussianos e, no mesmo dia. foi oficializada a proclamação da República, a primeira da França. Agora, o órgão que governará a França será a Convenção eleita por voto universal.
    A situação dos "partidos" políticos ficou mais nítida com a Convenção: 
• À direita, o grupo dos girondinos defendendo os interesses da burguesia, que nesse momento estava dominando a Convenção.
• No centro, o grupo da planície (ou pântano), defendendo os interesses da burguesia financeira, mas tendo uma atitude oportunista dizia-se estar do lado de quem estava no poder.
• À esquerda e no alto, a montanha (jacobinos), defensores dos interesses da burguesia e do povo. 
    O que fazer com o Rei? Os girondinos queriam mantê-lo vivo, pois temiam que sua execução fizesse com que o povo quisesse mais reformas, o que ia contra seus interesses. Os jacobinos queriam que o Rei fosse julgado e executado como traidor da pátria. A proposta jacobina saiu vencedora e o Rei foi executado. Os jacobinos tornavam-se cada vez mais populares e eram apoiados pelos sans culottes.
    Por sua vez, os exércitos franceses aproveitavam suas vitorias para propagar os ideais da revolução, e os países de governos absolutistas se sentiam cada vez mais sujeitos à propaganda liberal.
    O novo governo revolucionário francês fez reformas de vários níveis, mas todas elas extremamente moderadas, de tal forma que não questionassem o poder dos girondinos.
    Entretanto, os girondinos no poder viam na guerra uma forma de aumentarem suas fortunas e, por isso, quanto mais altos os preços dos produtos (alimentos, roupas), melhor para eles. Na verdade, eram eles que os vendiam e quem os comprava era o povo que, em sua extrema pobreza, não podia comprar mercadorias caras. E nessa contradição que vamos entender o porque da queda do governo da Convenção do jacobinos.
    Os sans culottes, nas ruas de Paris, exigiam reformas, controle dos preços, mercadorias baratas, salários altos, e os girondinos exigiam exatamente o contrário. Nesse momento, os jacobinos (montanheses) começam a liderar as reivindicações e conseguem que se forme a Comissão de Salvação Publica, tendo por obrigação controlar os preços e denunciar os abusos feitos pelos altos comerciantes girondinos.
    A agitação aumenta, os girondinos ficam cada vez mais temerosos diante das manifestações dos sans culottes. Aumentando a crise, uma região inteira da França, chamada Vendéia, instigada pelo clero e pelos ingleses, levanta-se num movimento contra-revolucionário.
    Entre maio e junho de 1793, o povo se levanta em Paris, cerca o prédio da Convenção e exige a prisão dos Deputados traidores, isto é, dos girondinos. Os jacobinos (montanheses) aproveitaram as manifestações de apoio dos sans culottes e depuseram os girondinos, instaurando um novo governo. 
A fase do terror - a ditadura dos jacobinos
    Agora que os jacobinos estavam no poder, era preciso controlar os movimentos populares. O governo dos jacobinos terá como característica principal sua posição moderada na esquerda. Os jacobinos fazem parte de um governo popular, mas não tomam medidas que atendam aos interesses de todas as faixas da população e sim medidas mais ligadas à pequena burguesia francesa.
    No dia 13 de julho de 1793, o ídolo popular Marat é assassinado por uma mulher membro do partido girondino. A partir daí a população exige a radicalização da revolução. Inicia-se o terror: todos os elementos suspeitos de ligações com os girondinos e com a aristocracia contra-revolucionária são massacrados ou executados nas guilhotinas, depois de julgamentos populares.
    Reformas imediatas são feitas: a principal foi a redistribuição da propriedade, surgindo condições para o aparecimento de três milhões de pequenas propriedades na França. As reformas atingem até mesmo o calendário oficial, que adquire características marcadas e anticlericais e passa a basear-se nos fenômenos da natureza. Por exemplo, o mês do calor (julho, na Europa) transforma-se no mês do Termidor; dezembro, o mês das neves (inverno), transforma-se no Nevoso.
    Robespierre tenta, com alguma habilidade inicial, manter-se no centro para governar. Aos poucos começa a atacar seus aliados da esquerda: foram presos e executados elementos como Hebert e Jacques Roux. Com a liqüidação dos elementos de extrema esquerda, Robespierre não pode contar com um apoio seguro dos sans culottes. Quer, a todo custo manter-se no meio da esquerda, incorruptivelmente. Golpeia depois seus companheiros que tinham uma posição mais próxima da direita moderada; como exemplo, temos a execução de Danton.
    Robespierre, durante a ditadura dos jacobinos, consegue uma série de êxitos: liqüida a contra-revolução da Vendeia e obtém várias vitórias contra os inimigos externos da revolução (entre esses inimigos, contava-se não só a Prússia e a Áustria, mas também a poderosa Inglaterra); acelera os processos do segundo terror, que executa, na guilhotina, vários contra-revolucionários.
    Mas o problema persistia. Robespierre tomava algumas medidas que, ao povo, pareciam anti-populares, e outras, que desagradavam a burguesia (como, por exemplo, o fato de não haver liberdade de comércio). Conspirava-se. A alta burguesia financeira, que na sua posição oportunista dentro do partido da planície, conseguiu sobreviver ao período do terror, conspirava contra o governo jacobino. Robespierre apela para os sans culottes, a fim de salvar seu governo. Mas onde estavam os lideres que podiam mobilizá-los? Todos executados. O governo jacobino estava só. 
A reação termidoriana: o golpe do 9 do Termidor
    No dia 27 de julho de 1794 (9 do Termidor, pelo novo calendário revolucionário), ao iniciar-se mais uma reunião da Convenção, Robespierre e seus partidários foram impedidos de falar, e contra eles foi imediatamente decretada a prisão. Seus partidários ainda fizeram uma desesperada tentativa de salvá-los, conclamando os sans culottes para se manifestarem publicamente e pegarem em armas contra o golpe de Estado que estava sendo dado. Mas poucos atenderam aos seus apelos. O partido da planície liderava o golpe. A alta burguesia, que havia suportado o domínio do governo jacobino, de tendência popular, queria agora se libertar e acabar de uma vez por todas com ele, para estabelecer um governo dos ricos.
    Aos poucos, o partido da planície vai dominando a situação, e uma das primeiras medidas foi executar Robespierre e todos os seus adeptos, sem ao menos julgá-los. A guilhotina funcionou sem parar: todos os elementos que poderiam exercer alguma liderança junto ao povo eram sumariamente executados. Jovens de famílias ricas organizavam-se em bandos para perseguir todos aqueles que eram considerados suspeitos de atividades revolucionarias.
    Que estava fazendo esse movimento anti-popular ? "Financistas, banqueiros, municionadores, agiotas contidos antes pelo Terror voltaram à preeminência, enquanto os nobres, os grandes burgueses e também os emigrados retomavam a tradição mundana do Velho Regime. E Começou a formar-se, assim, a burguesia nova pela fusão das antigas classes dirigentes e dos homens enriquecidos na especulação (...) e nos fornecimentos de guerra. "
    O novo governo apressa-se em tomar uma série de medidas para salvaguardar seus interesses: restaura a escravidão nas colônias (havia sido abolida anteriormente), acaba com a Lei do Máximo, que regulava os preços das mercadorias,(agora, poder-se-ía vender as mercadorias a preços os mais altos possíveis), e proíbe que se cante nas ruas a Marselhesa, o hino da revolução. 
4ª fase - O Diretório
    Em setembro de 1795, prepara-se a nova Constituição. A Convenção Revolucionaria desaparecia e cedia lugar a um tipo de governo exercido por um Diretório, composto por cinco membros representando o poder executivo, e duas Câmaras; uma delas era o Conselho dos Anciãos, e a outra, o Conselho dos Quinhentos, ambos representando o poder legislativo. O governo do Diretório suprimiu o voto universal, implementado pela Convenção e restabeleceu o voto censitário. Isto significa que todos os esforços feitos pela maioria do povo francês foram aproveitados pelas novas classes ricas. 
A política interna do Diretório
    Internamente, a política do Diretório era totalmente voltada às novas classes ricas. O comércio ficou totalmente liberado e sem restrições, significando que os setores pobres da população arcavam com a alta dos preços e com a inflação. A corrupção havia se tornado quase oficial. A alta burguesia jogava desenfreadamente na bolsa para auferir lucros cada vez maiores.
    Alguns antigos militantes jacobinos, liderados por Gracus Babeuf, exprimiam suas insatisfações no jornal A Tribuna do Povo, de propriedade do líder. Esse jornal clamava pela volta da Constituição de 1793 e pelo fim dos privilégios. Pedia também que o que fora proposto na Declaração dos Direitos do Homem não continuasse só no papel, como até então. Babeuf começa a conspirar e a organizar uma grande rebelião popular para tomar o poder e estabelecer uma sociedade mais justa e sem privilégios.
    Mas, um dos seus agentes militares denunciou a Conjuração dos Iguais (movimento assim conhecido). No dia l0 de maio de 1796, imediatamente, Babeuf e seu companheiro Buonarotti foram presos. Depois de um ano, Babeuf foi condenado à morte pela guilhotina. Esta tentativa de estabelecer um governo popular na França foi violentamente reprimida pelas altas classes enriquecidas. 
A política externa do Diretório
    Essa política pautava-se pela tentativa de vencer os inimigos da França e, se possível, aumentar os domínios franceses na Europa, numa tentativa de anexação dos territórios conquistados, principalmente a leste (pedaços da atual Alemanha até o Rio Reno) e ao sul (a anexação de uma região chamada Lombardia, ao norte da Itália). O militar encarregado dessas anexações foi o jovem e habilidoso General Napoleão Bonaparte, que cumpriu perfeitamente a missão expansionista, já delineada nessa nova fase do capitalismo. Napoleão garantiu todos esses territórios ao governo do Diretório assinando um tratado com a Áustria, na cidade de Campo Fórmio, no qual esta reconhecia o direito da França de se apossar dessas regiões em troca de outras concessões. 
18 de Brumário - o golpe em nome da burguesia
    A situação era extremamente grave. A burguesia, em geral, apavorada com a instabilidade, esquecia seus ideais de liberdade, pregados alguns anos antes, e pensava num governo forte, numa ditadura, se fosse preciso, para restaurar a lei e a ordem, para restabelecer as condições de se ganhar dinheiro de uma forma segura. Todos sabiam que a única pessoa que poderia exercer um governo desse tipo deveria ser um elemento de prestigio popular e ao mesmo tempo forte o suficiente para manter com mão de ferro a estabilidade exigida pela burguesia. Nesse momento, quem reunia essas condições era o jovem general que tantas glórias já havia trazido para a França (e outras mais ainda estavam por ser conseguidas): Napoleão Bonaparte.
    No dia 10 de novembro de 1799 (18 de Brumário, pelo calendário revolucionário), Napoleão retorna do Egito, e, com o apoio de dois outros políticos, dissolvem o Diretório e estabelecem um governo conhecido pelo nome de O Consulado
O governo de Napoleão Bonaparte (1799-1814)
    Foi a partir do golpe do 18 Brumário, 9 de novembro de 1799, que Napoleão Bonaparte assumiu o governo francês. sua chegada ao poder significou a solução para os distúrbios de um governo anterior que oscilava entre a ameaça terrorista e a ameaça monarquista.
    As reformas administrativas implementadas na período napoleônico foram um dos aspectos de maior durabilidade do governo. Medidas que foram implantadas naquele momento permanecem até os dias de hoje na administração francesa. O remanejamento administrativo centralizou o governo sob a égide de Paris. No aspecto político tudo levava a crer que na verdade a sociedade francesa estaria diante de uma autocracia mal disfarçada.
    O Código Civil fixado em 1804 foi responsável pela fixação dos tragos da moderna sociedade francesa e também servil de exemplo para diversos Estados europeus que nele se inspiraram, adotando-lhe seus princípios e reproduzindo-lhe as disposições.
    Como estadista Napoleão ratificou a redistribuição de terras levada a efeito pela Revolução permitindo inclusive que o camponês médio continuasse a ser um lavrador independente reformou o sistema tributário fundando o Banco Francês com o objetivo de exercer maior controle nos negócios fiscais. As obras publicas, drenagem dos pântanos, construção de pontes e redes de estradas e canais, foram realizadas sobretudo com objetivos militares bem como para conquistar o apoio da burguesia.
    A educação mereceu atenção especial por parte do imperador que instalou escolas publicas elementares em cada aldeia ou cidade francesa e fundou um escola normal em Paris para preparação dos professores.
    A política externa de Napoleão Bonaparte foi marcada pelo fim da diplomacia tradicional fundamentada sobretudo sobre alianças dinásticas, acordos matrimoniais ou conveniência dos soberanos Durante o período em que esteve a frente do governo francês deparou com inúmeras guerras, que resultaram em importantes mudanças na orientação da historia contemporânea, provocando a ira e a oposição das forças conservadoras e reacionárias representadas pela Santa Aliança.
    A exemplo da guerra de conquista e exploração imperial destacamos um conflito fundamental que alterou as relações européias, durante o período em questão, entre a França e a Grã-Bretanha, refletindo na política comercial européia. No dia 21 de novembro de 1806 foi decretado, pelo governo francês, o bloqueio continental vedando aos neutros o acesso aos portos franceses e proibindo a introdução de todos os produtos britânicos no continente. Tal medida justificada pelo desejo de Napoleão eliminar seu principal concorrente para alcançar total predomínio comercial nos mercados europeus bem como o controle dos mercados coloniais e ultramarinos.
    Todo esse quadro a nível interno e externo, fez surgir o mito napoleônico, o "pequeno cabo" como era denominado pelos seus aficionados, e o bonapartismo, doutrina pregada por aqueles que eram a favor do modelo imperial estabelecido por Napoleão na França.


Um dos atos mais importantes da Assembléia foi o confisco dos bens do clero francês, que seriam usados como uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a crise financeira. Parte do clero reage e começa a se organizar Como resposta, a Assembléia decreta a Constituição Civil do Clero isto é, o clero passa a ser funcionário do Estado, e qualquer gesto de rebeldia levara a prisão.  A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano, um documento que se tornou mundialmente famoso: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 


  • Revolução Portuguesa.
Estes  ventos revolucionários sopraram em Portugal, trazendo os gérmens do liberalismo. Após as invasões francesas de 1807-1810, que originam a fuga de D. João VI e família para o Brasil, os ingleses, expulsos os exércitos de Napoleão, mantêm no nosso país os seus contingentes militares. Chefiando de forma totalitária o governo na ausência do rei, mantiveram-se fiéis aos antigos métodos absolutistas, perseguindo os liberais, o que aprofunda sentimentos de descontentamento geral (também devido à ausência do rei) e pobreza, para além de um ambiente tenso, de rebelião. Nesta submissão nacional aos ingleses, os ideais liberais da Revolução Francesa ganham cada vez mais adeptos, muitas vezes clandestinamente, como é o caso da Maçonaria. A 24 de agosto de 1820, estala uma revolta liberal com a sublevação de militares no Porto. Regressa D. João VI no ano seguinte, depois das eleições para as Cortes. Em 1822, jura-se a Constituição, ensombrada entretanto pela independência brasileira de 22 de setembro do mesmo ano, iluminada por ideais liberais e pelos exemplos vizinhos. Porém, dá-se em 1823 a Vila-Francada, primeira reação absolutista levada a efeito por militares encabeçados por D. Miguel, que suspende a Constituição de 1822 e encerra as Cortes. Nova reação (Abrilada) de D. Miguel surge em 1824, desta feita para destituir D. João VI do trono. Foi, porém, em vão, obrigando o príncipe a exilar-se em Viena, de onde regressa em 1828, após a morte de seu pai. Perante este acontecimento, também D. Pedro renuncia ao trono imperial brasileiro, regressando a Portugal, onde decreta a Carta Constitucional (nova lei fundamental a substituir a Constituição de 1822) e abdica do trono português a favor de sua filha, D. Maria da Glória, ainda menor. D. Miguel, em Viena, jura a Carta e, sendo nomeado Regente, regressa a Portugal. Todavia, aproveitando o clima de rebelião de unidades militares, proclama-se rei absoluto, dissolvendo as Cortes e perseguindo os liberais, mais tarde liderados por D. Pedro, que se lhes junta na Ilha Terceira, em 1831, onde forma um contingente militar. Desembarcam em 1832, em Pampelido, essas tropas liberais, com algum apoio inglês. São, contudo, em menor número que as absolutistas. Estala a Guerra Civil, cujo fim, favorável à causa liberal, culmina na Convenção de Évora-Monte em 1834, com a capitulação de D. Miguel e a vigência da Carta Constitucional. Instaura-se o liberalismo em Portugal, com dificuldades, conflitos e polémicas, por exemplo, acerca da lei fundamental do País: a Carta de 1826 ou a Constituição de 1822? D. Pedro morre em 1834, subindo ao trono sua filha, agora D. Maria II. O Antigo Regime declinava, com as instituições e privilégios, opressões e clivagens sociais que o caracterizavam, e um novo Portugal começava, ainda que dividido e palco de tensões políticas e interpretações divergentes dos princípios liberais.
As Revoluções Liberais alterarão profundamente o xadrez político no mundo ocidental, para além dos seus mapas. O século XIX, de facto, coroou de êxito uma série de revoluções liberais em muitos territórios europeus e latino-americanos, quer na perspetiva das nacionalidades quer na adoção em monarquias tradicionais de constituições liberais baseadas no princípio universal de Liberté, Egalité, Fraternité promovido pela Revolução Francesa, imperfeita no seu desenrolar, palco de exageros e semente de imperialismos inconsequentes, mas marcante no aspeto mental, cultural, económico e político. A tolerância religiosa foi uma das suas novas matizes, abrindo caminho à laicização crescente das sociedades liberais e à liberdade de culto, originando, em contrapartida, uma crise profunda no clero e nas instituições eclesiásticas europeias, antigos sustentáculos das monarquias absolutas agora desprovidas de poder, isenções e prestígio, para além do seu campo de ação estar limitado. Também a nobreza latifundiária sofreu duros reveses a nível político, económico e social, em detrimento da burguesia industrial e mercantil, que consolida, após as Revoluções Liberais, vários séculos de luta pela sua afirmação e igualitarização relativamente às classes anteriores, possuindo agora as rédeas do poder por que tanto lutara. O antigo Terceiro Estado, o povo, conhece algumas melhorias a nível de participação política e de outros direitos, embora economicamente se mantenha subjugado e em más condições de sobrevivência.




Glossário :




Revoluções Liberais: é o conjunto de movimentos de contestação ao antigo regime que decorreu pela Europa e America no final do séc. XVIII e séc. XIX. Estas revoluções tornaram possíveis:
- A eliminação do absolutismo e da sociedade de ordens ;
- A valorização dos direitos naturais do Homem, da palavra do povo e a divisão dos poderes ;
- Instauração da livre iniciativa em matéria económica ;
- A libertação de nações do jugo colonial e estrangeiro


Época Contemporânea: período da história da humanidade no mundo ocidental que decorre nos finais do séc. XVIII até aos nossos dias. Tem nas suas origens, as revoluções liberais, revoluções industriais que fizera triunfar o liberalismo, o capitalismo industrial e a sociedade de classes


NOTA: Para os mais apreciadores de tecnologia,deixo alguns links de acesso a alguns videos,que retratam os textos acimas descritos: